sábado, 20 de dezembro de 2008

Carimbó em Cafezal reafirma a força da tradição dos antigos


Grupo "Raiz de Cafezal" realiza show em festa centenária da comunidade


A Vila de Cafezal, no município de Magalhães Barata, um dos mais antigos redutos do carimbó praiano na região do Salgado, realiza hoje, sábado, a tradicional festa de levantação do mastro de São Benedito ao som do grupo de carimbó "Raiz de Cafezal", que promove o show de lançamento do seu 1º CD e busca dar uma visibilidade maior para o ritmo cultivado nessa localidade.


O carimbó de Cafezal é considerado uma autêntica expressão da vertente praiana desse gênero musical, com relatos orais da comunidade revelando sua existência na vila desde o século 19. Disseminado entre os pescadores da região, o carimbó praiano é encontrado também em várias outras localidades do litoral, como Marapanim (vizinha de Cafezal), Maracanã, Salinas, e outros. Segundo o relato de mestres ainda em atividade, como Mestre Durval do grupo "Alegria de Cafezal", no tempo dos antigos as festas ocorriam sempre em dezembro e duravam três dias e três noites sem interrupção, com duas ou três "orquestras" de carimbó se revezando para dar conta do recado. Mestre Durval, que canta carimbó desde 1945 e teve recentemente seu registro feito pelo pesquisador Alfredo Bello (SP), é um dos convidados do show desta noite.


O grupo "Raiz de Cafezal" foi formado em dezembro de 2004 pelo músico Claúdio Albuquerque, com o propósito de dar continuidade e preservar, através de suas obras, o estilo musical herdado dos “antigos”. Radicado em Belém, o grupo no entanto tem vários músicos naturais de Cafezal, como Mestre Flávio, Filió e Gaiti, estes dois filhos de Mestre Durval.


O show em Cafezal é patrocinado pelo Prêmio Secult de Música, resultado do edital de mesmo nome que selecionou e está apoiando vários grupos e artistas paraenses a realizarem sua circulação por municípios do interior do Estado. A escolha do "Raiz de Cafezal" revela a força do carimbó e a qualidade musical do grupo, que aproveitou a oportunidade para fortalecer a festa tradicional da comunidade.


Contatos:

Fone: (91) 8144-6998

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

DEZEMBRO CHEGOU: É HORA DE FESTEJAR A COLHEITA!


Convite para o Encontro da Campanha em dezembro


“Quando eu rufo meu pandeiro
Toda a terra estremece
Água do mar balança, morena
Areia do morro desce...”
(Cantiga tradicional da região do Salgado)


Prezad@s,

Estamos em dezembro, último mês do ano, tempo de festas nos barracões, com mastros, ladainhas e alvoradas em muitas comunidades onde o Carimbó permanece como legítima expressão da fé e da festa de nosso povo.

Tempo de colheita dos roçados, com fartura de farinha, beijus e frutos da terra, partilhados com alegria e generosidade entre os batuques dos curimbós noite adentro, celebração de nossa identidade e diversidade em tantas cantigas e tradições preservadas por nossos mestres e mestras da oralidade carimbozeira.

Convidamos então tod@s vocês, que são parte dessa grande luta pelo reconhecimento do Carimbó como patrimônio cultural brasileiro, para nos encontrarmos novamente na grande roda de conversa e trabalho que estaremos realizando neste mês de dezembro, no dia 20 (sábado), das 9 às 13 h, na secretaria executiva da Campanha, localizada na Rua Domingos Marreiros, 728, entre 14 de Março e Generalíssimo.

Em sintonia com esse tempo e esse clima festivo, queremos também partilhar e celebrar a colheita deste ano de muito trabalho, sonho e festa em prol de nosso carimbó e da cultura de nosso povo. Também compartilhar idéias e sugestões para tecermos juntos as ações que a Campanha pretende desenvolver em 2009, fortalecendo e ampliando nossas iniciativas em cada comunidade. Em suma, festejar os frutos colhidos e semear já o que queremos colher no futuro.

Por isso tudo, sua presença é fundamental neste nosso encontro. A comemoração só tem sentido se for coletiva, assim como o trabalho. Traga sua energia para esta roda. Se puder, traga também alguma coisa para inteirar a merenda...

Nós esperamos por cada um(a) de vocês.

Abraços,

A coordenação.

PS: Se puderem, pedimos que confirmem sua presença através de nossos telefones (9995-4422 ou 8159-0594) ou pelo email carimbopatrimonioculturalBR@gmail.com

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O CARIMBÓ DE SÃO BENEDITO DE SANTARÉM NOVO (PA)


O Carimbó está para o Norte assim como o forró está para o Nordeste. É música de festa, onde se dança até o dia amanhecer. Absoluto na região do litoral paraense, não há cidade onde não se encontre um desses conjuntos. Junção caprichosa do pé batido indígena com o rebolado africano, o carimbó é um dos gêneros tradicionais mais significativos do país, onde sem conflitos se reúnem o sagrado e o profano, devoção e diversão, tradição e contemporaneidade.

O Carimbó da Irmandade de São Benedito de Santarém Novo apresenta características particulares que o destacam dos outros grupos do estado. A devoção a São Benedito propõe uma abordagem mais complexa da organização social e cultural da festa, e confere à ela identidade única. A existência do barracão como espaço sagrado e profano de devoção e diversão, a cada noite redecorado pelo festeiro do dia, é lotado, noite após noite, por gente de todas as idades a despeito do calor e da rigidez das regras, onde famílias inteiras desfrutam juntas desse espaço de integração social e formação ética.



A Irmandade de São Benedito, fundada há quase duzentos anos no município, mantém uma tradição extremamente complexa que envolve onze dias ininterruptos de festa, incluindo novenas, ladainhas, alvoradas, levantamento, derrubada e varrição do mastro, queima de fogos, pilouro – o sorteio dos festeiros, trajes tradicionais e diversos cargos como juízes, festeiros, mordomos, padrinhos, fiscais e outros. Dança, música, culinária, artesanato e procedimentos rituais compõem um precioso patrimônio cultural preservado pela oralidade.

Afirmando o vigor desta tradição, quase uma centena de candidatos disputa a cada ano o cargo de festeiros de cada um dos onze dias da festa, se responsabilizando pela decoração do barracão, pela apresentação de abertura, pelos comes e bebes, pela recepção da alvorada, pela reza da ladainha e a organização dos músicos.

O conjunto musical Os Quentes da Madrugada, que conduz a festa, é liderado com capricho e rigor por mestres como Dico Boi, Ticó e Zé Pitanga, chamando a atenção pela excelência artística de seu repertório e a precisão de seus músicos e cantores. Formado exclusivamente por lavradores, pescadores e tiradores de caranguejo da própria comunidade, o conjunto utiliza somente instrumentos de percussão produzidos artesanalmente pelos mestres locais, tais como os grandes curimbós escavados em tronco de árvore e encuirados com couro de animais, o rufo (espécie de pequeno tambor de marcação), maracás feitos de cuieiras, o reque-reque feito de bambu, etc. É uma verdadeira música da floresta, orgânica, profundamente ecológica e integrada à natureza e ao modo de vida realmente sustentável dos caboclos da Amazônia.


Teaser do documentário sobre Os Quentes da Madrugada (Mutante Filmes/SP)

A ausência de instrumentos de sopro e cordas levou à criação de uma
sonoridade única, um baque forte e sincopado conduzido pela voz poderosa dos cantores em um ritmo pleno de harmonia e simplicidade. As cantigas são tão antigas quanto a Irmandade, apresentando uma poesia simples e bela, com letras revelando as conexões existentes entre o trabalho, a natureza, o amor, a fé, a memória histórica, as origens ancestrais...São preciosidades esculpidas pelo tempo e preservadas pela oralidade da comunidade.

Os trajes tradicionais de dança – paletó e gravata para os homens e blusa de manga e saia longa para as mulheres – são adereços que sugerem e propiciam movimentos coreográficos muito particulares e extremamente graciosos aos dançarinos, que impressionam pelo seu virtuosismo. Esses trajes rituais derivam do caráter sagrado do Carimbó da Irmandade, sendo mantidos com rigor por todos os irmãos. A ausência de instrumentos de sopro, a forma de baile com pausas entre as canções para descanso e troca dos pares são características próprias do Carimbó de São Benedito de Santarém Novo.



Mantida na invisibilidade por séculos como a maioria dos grupos tradicionais, no final da década de 1990 a Irmandade começou a atrair o interesse de músicos, pesquisadores e ativistas da cultura popular de várias regiões do país, impressionados pela beleza, força e originalidade de sua tradição de carimbó. Seu inusitado encontro com o grupo paulista A Barca, por exemplo, produziu vários frutos importantes para a comunidade, destacando-se o projeto de gravação do primeiro CD de registro do grupo “Os Quentes da Madrugada”, tradicional conjunto de carimbó da Irmandade, realizado em 2005 com o apoio do Programa Petrobrás Cultural, fato que chamou a atenção da mídia nacional e regional e contribuiu para um maior reconhecimento e visibilidade desta manifestação no cenário cultural.

Fortalecida por essas ações, a Irmandade inicia então um processo de articulação junto a outros grupos e comunidades carimbozeiras em prol da valorização do carimbó em nível local, regional e nacional, tornando-se a principal organizadora da Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, uma iniciativa criada em 2006 no espaço do Festival de Carimbó de Santarém Novo e que tem como objetivo o reconhecimento desse importante bem cultural como patrimônio imaterial do Brasil junto ao IPHAN e o Ministério da Cultura. Com o início do processo oficial de registro do Carimbó pelo IPHAN em fevereiro de 2008, atualmente em andamento, o movimento liderada pela Irmandade conquistou visibilidade e respeito inéditos para o Carimbó e seus protagonistas, tendo se tornado uma rede de mestres, grupos e comunidades envolvendo cerca de 30 municípios do Pará, contando com o apoio de vários parceiros em nível regional e nacional.


Vídeo sobre a Campanha do Carimbó na Rede Brasil(Matapi Filmes)


Em setembro de 2008 a Irmandade conseguiu realizar o primeiro projeto de circulação nacional do Grupo Os Quentes da Madrugada, novamente com o patrocínio do Programa Petrobrás Cultural, que financiou a ida dos Quentes para São Paulo e Rio de Janeiro e proporcionou a esta comunidade a oportunidade de ampliar a difusão de seu patrimônio cultural para outras regiões do país. Na ocasião, o Carimbó de São Benedito também conseguiu articular seu encontro com outra tradição cultural importante para o Brasil, o Jongo do Tamandaré, na cidade de Garatinguetá(SP), onde os dois tambores irmãos puderam finalmente tocar juntos.



Outra conquista importante para a Irmandade foi o reconhecimento pelo Ministério da Cultura de sua centenária Festividade de Carimbó de São Benedito, selecionada pelo Prêmio Culturas Populares 2009 - Edição Mestra D. Isabel como uma das iniciativas culturais mais importantes para a preservação e valorização da diversidade cultural brasileira. Esse mesmo motivo também levou à premiação da Irmandade pelo Prêmio Culturas Populares “Mestre Verequete”, concedido pela SECULT/PA em dezembro de 2009, consolidando a Irmandade como uma das principais referências de cultura popular tradicional do Estado do Pará e da Amazônia.

Atualmente o carimbó em Santarém Novo é reconhecido e assumido como elemento basilar de nossa identidade cultural, tendo crescido sua atratividade sobre as crianças e os jovens do município que hoje buscam conhecer e vivenciar esta manifestação herdada de nossos ancestrais. O número crescente de novos grupos de carimbó, inclusive de crianças e mulheres, é sinal concreto e esperança de continuidade e renovação permanente do gênero no município. A valorização do conhecimento dos velhos mestres, a pesquisa, o registro e a difusão dos variados aspectos da tradição, da música e da dança do carimbó santareense, o nascimento de novos grupos e as experimentações musicais baseadas no ritmo tradicional constitui elementos que podemos identificar como um amplo e verdadeiro movimento cultural popular, cada vez mais forte e dinâmico.



Contatos
Isaac Loureiro (Irmandade de São Benedito)
Conj. Panorama XXI, QD 8, Casa 19, Mangueirão, CEP 66640-800, Belém/PA
Fones: (91) 8263-9738 ou (91) 8722-9502
Correio eletrônico: quintino_vive@yahoo.com.br
carimbopatrimonioculturalBR@gmail.com

7º FEST RIMBÓ em Santarém Novo revela e celebra a diversidade do carimbó paraense


Festival mobiliza dezenas de grupos na luta pelo reconhecimento do gênero como patrimônio imaterial

Animados pela alegria e energia dos mais diversos sotaques de tambores, carimbozeiros de todo o Estado se encontram em Santarém Novo, nordeste do Pará, nos dias 12, 13 e 14 de dezembro de 2008. É lá que acontece o 7º FEST RIMBÓ – Festival de Carimbó de Santarém Novo, grande movimentação cultural de carimbó que a cada ano envolve mais grupos e comunidades no processo de luta pela valorização e reconhecimento desse ritmo tradicional como patrimônio imaterial da cultura brasileira.

Realizado desde 2002, o FEST RIMBÓ é muito mais do que um simples evento anual. Buscando contribuir para o reconhecimento e valorização do Carimbó como elemento essencial de nossa identidade cultural, ao longo desses sete anos o Festival incorporou atividades importantes como Seminários, Encontro dos Mestres de Carimbó, Oficinas de Saberes e Fazeres do Carimbó, Mini-Festival com grupos infantis, Circuito Carimbó nas Escolas, Arrastões e Roda de Tambores, além do Troféu Mestre Celé de Carimbó (estilos raiz e livre) e de animados bailes e shows com grupos regionais e locais.

Acreditamos necessário unir a festa com a reflexão, o show com o debate, a educação e a oralidade, o palco com a roda de conversas, cantos e danças. Integrar e articular vivências, idéias, propostas e caminhos comuns na construção de um dinâmico movimento cultural do carimbó, organizado pelas comunidades, grupos e mestres carimbozeiros que lutam por reconhecimento e dignidade. Este tem sido o objetivo maior deste Festival.

Campanha pelo registro do Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro

O 7º FEST RIMBÓ também será um espaço privilegiado de articulação da Campanha "Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro", movimento nascido no festival de 2005 e que vem lutando para registrar o Carimbó paraense como patrimônio cultural imaterial do Brasil. Várias atividades da campanha acontecerão no evento, entre elas o seminário "Carimbó e Patrimônio Imaterial", que reunirá os grupos e mestres de toda a região, junto com as comissões criadas pela campanha em Santarém Novo, Marapanim, Curuçá, Algodoal, Maracanã, Sta. Bárbara, Ananindeua, Cachoeira do Arari, Icoaraci e outras localidades, com a participação de representantes do IPHAN, Ministério da Cultura, SECULT, Fundação Curro Velho, CENTUR, SESC e vários outros convidados.

O Seminário discutirá o andamento do processo de registro e a forma de participação das comunidades no inventário previsto para iniciar em janeiro de 2009. Também estará na pauta a intervenção da campanha no Fórum Social Mundial em Belém.

Encontro dos Mestres de Carimbó reafirma importância da oralidade e do conhecimento tradicional

Buscando a valorização do trabalho dos mestres e mestras do carimbó paraense, o festival também promove o 4º Encontro dos Mestres de Carimbó, atividade que desde 2005 reúne mestres de vários municípios para vivências, rodas de saberes e fazeres e debates sobre ações e demandas necessárias para garantir seu reconhecimento como agentes culturais responsáveis pela preservação e continuidade das tradições do carimbó em cada comunidade. Este ano o tema do encontro será "O papel social e cultural dos mestres das tradições orais no Brasil", onde os mestres discutirão, entre outras coisas, a criação de leis e projetos voltados para a valorização da tradição oral na educação, apoio financeiro, processos de transmissão de saberes, etc. O encontro marcará ainda o lançamento regional do Movimento pela criação da Lei Griô Nacional (ou Lei Nacional dos Mestres das tradições orais), uma iniciativa proposta pela Ação Griô Nacional durante a TEIA 2008 em Brasília, no mês de novembro, e que tem a Campanha do Carimbó como uma das articuladoras.

Troféu Mestre Celé revela e valoriza a diversidade dos sotaques do carimbó

O concurso de composições de carimbó do festival, batizado de Troféu Mestre Celé em 2007 para homenagear um dos mais importantes mestres da Irmandade de S. Benedito (Santarém Novo), é outra atividade que atrai um grande número de grupos e músicos carimbozeiros para o evento. Considerado um dos maiores do gênero, o concurso é um grande espaço de valorização e difusão da diversidade dos sotaques do carimbó paraense, sendo aberto a grupos de todo o estado.

O troféu revela a cada ano dezenas de novas composições de carimbó, tanto no estilo raiz, que busca preservar a expressão tradicional do ritmo, quanto no estilo livre, que estimula e reconhece as fusões e as inovações presentes em vários contextos. Os sotaques do carimbó, pouco conhecidos pelo grande público, vão desde o "praiano" (presente na região do Salgado) até o urbano (encontrado na região metropolitana de Belém), passando pelo sotaque marajoara, rural e o chamado "carimbó de santo" (este ainda preservado em Santarém Novo desde o século 19).

Durante o festival, todas essas vertentes convivem e tem a possibilidade de se conhecerem um pouco mais, fortalecendo a compreensão da força, beleza e diversidade dessa manifestação. "A troca de experiências entre antigos mestres e jovens músicos é fundamental para a continuidade e renovação do gênero", avalia Isaac Loureiro, coordenador do festival. O Troféu Mestre Celé conta com o patrocínio da SECULT, que irá destinar R$ 7.000,00 para as premiações do concurso.

Mini-Festival incentiva o amor pelo carimbó desde a infância

Outra atividade marcante no evento é o Mini-Festival de Carimbó, criado em 2005 para garantir espaço aos grupos de carimbó mirins da região, estimulando a participação das crianças e adolescentes dentro da tradição musical do carimbó. A cada ano, mais grupos mirins são criados, geralmente a partir de grupos adultos ou por iniciativa de mestres tradicionais que sentem a necessidade de fazer o repasse de seus conhecimentos para os mais jovens.

Foi assim que Mestre Bernardo Souza, 67 anos, criou o Trinca-Ferro Mirim em 2004, reunindo crianças da comunidade de Santarém Novo que demonstravam grande interesse pelo carimbó. Hoje um dos mais conhecidos grupos mirins do Estado, o Trinca-ferro Mirim tornou-se exemplo e inspiração para a criação de novos grupos, inclusive em outros municípios da região.

Como resultado desse processo, Mini-festival este ano terá a participação de grupos de Santarém Novo, Maracanã, Cafezal e da Ilha de Maiandeua, além dos grupos criados nas escolas municipais santareenses através de oficinas do Circuito Carimbó na Escola.

Oficinas de Saberes e Fazeres do Carimbó reúne mestres e aprendizes da tradição oral

Com o apoio da Fundação Curro Velho, o Festival realiza desde 2005 um ciclo de oficinas ministradas por mestres de carimbó locais voltadas para um público infanto-juvenil, principalmente alunos de escolas públicas municipais, buscando estimular o repasse dos conhecimentos associados ao carimbó para as novas gerações. A oficina de confecção de instrumentos tradicionais de carimbó, ministrada por Mestre Sabá, e a de percussão tradicional, ministrada por Mestre Dico Boi, são oportunidade valiosa para que esses saberes e fazeres sejam transmitidos e preservados na comunidade.

Os resultados poderão ser conferidos no espaço Taberna Pará que será montado pela Fundação Curro Velho no evento, onde haverá a exposição também de artesanato e o resultado de outras oficinas promovidas pelo Curro na região.

FEST RIMBÓ: o carimbó é nossa pátria!

O Carimbó é a música e a dança paraense por excelência. A criação da Campanha pelo seu reconhecimento como patrimônio cultural brasileiro tem proporcionado o fortalecimento e valorização dos grupos e mestres espalhados por dezenas de municípios paraneses. Ao longo de todo esse processo, o FEST RIMBÓ vai consolidando sua história como um dos principais espaços de valorização e difusão da cultura popular paraense, território de encontro e celebração da diversidade cultural do carimbó e suas várias vertentes.

Informações e contatos:

Em Santarém Novo:Secretaria Local da Campanha "Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro": Centro Solidariedade, Av. Francisco Martins.Fones (91): 9995-4422 (Isaac Loureiro) ou 9993-3745 (Waldirene Nogueira)
Em Belém:Secretaria Geral da Campanha "Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro": R. Domingos Marreiros, 728, entre 14 de Março e Generalíssimo Deodoro, Umarizal.Fones (91): 9995-4422 (Isaac) ou 8159-0594 (Solange Loureiro)
Na Internet:
Blog: http://www.festrimbo.blogspot.com/
e-mail: fest_rimbo2008@hotmail.com

ZIMBARIMBÓ em Marapanim celebra o centenário de Mestre Lucindo


Evento fortalece a luta pelo registro do carimbó como patrimônio cultural brasileiro

Marapanim, a borboletinha do mar, cidade que se tornou uma das grandes referências do carimbó paraense, viu se realizar pela primeira vez o ZIMBARIMBÓ - Festa de Carimbó, evento cultural promovido nos dias 5, 6 e 7 de dezembro na Arena do Bom Intento e que reuniu cerca de 25 grupos de carimbó de Marapanim e região, atraindo milhares de pessoas.

Organizado pelas Associações Culturais Raízes da Terra, Japiim e Uirapurú, que uniram forças para garantir a realização do projeto, o ZIMBARIMBÓ marcou a celebração merecida do centenário de nascimento do saudoso Mestre Lucindo, maior ícone do carimbó marapaniense e cuja obra é conhecida no Brasil inteiro. O evento contou com a parceria de várias instituições, entre elas a SECULT, Fundação Curro Velho, IAP, Fundação Tancredo Neves e Prefeitura Municipal de Marapanim.


O nome ZIMBARIMBÓ é uma fusão das palavras "zimba" (como era chamado o carimbó antigamente na região) e "carimbó" (a forma atual), e marca também a experiência cada vez mais positiva de integração e protagonismo dos grupos e associações de carimbó locais na produção de seus próprios eventos culturais. Fortalecendo o processo de organização local gerado pela Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, o evento também proporcionou um importante espaço de divulgação e valorização dos vários grupos de carimbó do município, alguns deles pela primeira vez tendo a oportunidade de se apresentar para um público tão grande.

A festa iniciou na sexta-feira, dia 5, com a levantação do mastro de São Benedito, uma antiga tradição que foi executada no evento pelo grupo de idosos "Alegria não tem idade", dançarinos tradicionais animadíssimos que ainda preservam o modo de dançar típico de Marapanim. A noite seguiu com a apresentação dos grupos e associações de carimbó de várias comunidades do município em um palco armado na arena, proporcionando um belo espetáculo aos presentes. Na madrugada a festa ia para o barracão de chão e palha montado no local, onde conjuntos se revezavam animando um público que nao arredava o pé do salão.


No sábado pela manhã os mestres e mestras de carimbó de Marapanim se reuniram em uma Roda de Saberes, coordenada pela professora Mariana (ASCUJA) e que teve a participação de vários convidados como Solange Loureiro (Irmandade de S. Benedito e coordenação da Campanha do Carimbó), Walmir Bispo (Superintendente da Fundação Curro Velho), Carlos Henrique (diretor de cultura da SECULT) e outros. A conversa foi tão boa que os mestres pediram que continuasse no dia seguinte, dessa vez sob a mediação de Isaac Loureiro (coordenação da Campanha do carimbó), havendo a partilha de vários relatos sobre a história e as tradições do carimbó marapaniense.

O sábado ainda teve a segunda noitada de carimbó no palco e no barracão, e a presença ilustre do Secretário de Cultura do Estado, Edilson Moura, que falou sobre a importância do evento, sobre o processo de registro do carimbó e prometeu um amplo apoio para a edição de 2009.

O ZIMBARIMBÓ encerrou no domingo com a entrega de troféus para todos os grupos presentes e a escolha da "Musa do Zimbaribó". Após a derrubação do mastro, a festa tomou conta do barracão e só parou ao raiar do dia, mostrando mais uma vez a força e vitalidade da cultura do popular marapanienese.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A Festa da Diversidade Pará-Maranhense

Por Esperança Alves e Déa Melo

Falas de Mestres, arte educadores e representantes de instituições culturais; ladainhas em saudação a São Benedito; oficinas de danças do Pará - Roda, Retumbão, Bagre, Carimbó e Maranhão - Cacuriá, Tambor de Crioula, Bumba-Boi, Baião, Carimbó de Caixeiras; Shows e Festa no Barracão da Marujada de São Benedito preencheram o final de semana de 28 a 30 de Novembro em Quatipuru/PA, durante a segunda edição do Festival Maria Pretinha, organizado pela Irmandade Maria Pretinha, por “Outros Mundos Possíveis”- na Amazônia, no Brasil e no mundo.

Veja mais em www.maria-pretinha.blogspot.com

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Carimbó é registrado em CD

Projeto Toque de Mestre percorre municípios da região do Salgado para gravar músicas e documentário


O gênero que é um símbolo da riqueza da música popular paraense, o carimbó, está prestes a ganhar um registro em áudio e vídeo digno de sua tradição histórica. De hoje a domingo, o projeto Toque de Mestre, idealizado pelo músico e compositor Pedrinho Callado e realizado pela Central de Produção Cinema e Vídeo na Amazônia, começa seu percurso pelos municípios de Curuçá e de Marapanim para gravar canções de quase 20 grupos locais de carimbó e lançá-las futuramente em um CD. De quebra, a equipe itinerante ainda irá registrar em vídeo os momentos da viagem para um documentário em DVD, que será lançado junto ao disco no ano que vem. O projeto tem o patrocínio da Oi, por meio da Lei Semear de Incentivo à Cultura.
Há pelo menos seis anos 'na gaveta', segundo Pedrinho Callado, o projeto Toque de Mestre surgiu a partir de um interesse bem conhecido no meio artístico local: o de divulgar e registrar de forma efetiva os movimentos populares que mantêm o carimbó vivo no interior paraense. A idéia, inicialmente, era percorrer dez municípios da região do Salgado, no Nordeste paraense, levando um 'estúdio móvel' para que os artistas pudessem gravar suas canções com apoio técnico de qualidade - mas, conforme explica o coordenador, algumas diretrizes foram adaptadas por conta de limitações estruturais.
'Passamos um bom tempo à procura de apoio para chegar nestes municípios, já que queríamos levar uma estrutura completa de gravação para os mestres populares, com equipamento de captação e uma equipe técnica de produção e edição de qualidade. Só agora, em 2008, conseguimos o apoio e optamos por passar por estes dois municípios, que reúnem mais de 40 grupos de carimbó e são os principais pólos do gênero em nosso Estado. Os 20 mais organizados e interessados foram contemplados pelo projeto para representar este cenário musical', explica Pedrinho.
Até amanhã, a equipe da Central de Produção fica instalada em Curuçá, onde os grupos populares Pinga Fogo, Raio de Sol, Explode Coração, Os Curiós, Alegria do Pará, Fenômenos e Sabiá do Araquain poderão gravar uma música cada, além de conceder depoimentos e entrevistas à equipe produtora do documentário. Na sexta (5), sábado (6) e domingo (7), o estúdio móvel chega em Marapanim para receber os grupos Borboletas do Mar, Raízes da Terra, Uirapuru, Japiim, Flor da Cidade, Novos Canarinhos, Flor do Mangue, Sereia do Mar, Pica pau, Estrela do Mar e Flor de Natal, além de dois grupos ainda não confirmados.
Se tudo der certo, o pacote com CD e DVD deve ser lançado até fevereiro do ano que vem. Além de conhecer todo o gingado e singularidade do ritmo, o interessado em adquirir o material ainda poderá conhecer um pouco do processo de elaboração de instrumentos artesanais.
Fonte: Amazônia Jornal (GUTO LOBATO)