sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Blog ACESSO publica reportagem sobre a Campanha do Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro

O Blog Acesso, mantido pelo Instituto Votorantim, publicou recentemente uma reportagem inédita sobre o movimento da Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, entrevistando lideranças e mestres do Carimbó paraense que luta para ser reconhecido como parte fundamental da nossa cultura.

A iniciativa do Blog Acesso reflete a crescente importância que a luta dos carimbozeiros paraenses vem conseguindo em âmbito nacional, sendo hoje considerado um dos principais movimentos culturais do país.

Leia abaixo a matéria na íntegra:

Reconhecimento e valorização do carimbó

Por Blog Acesso

Ao som das maracas, flautas artesanais e curimbós, grupos dançam em círculos no ritmo do carimbó. As moças giram as saias e o batuque do tambor marca os passos dos pares, que arrastam os pés de um lado para o outro. Comunidades do litoral e do interior do Pará buscam, com diversas iniciativas, manter viva a tradição do carimbó, que pode ter mais de 200 anos de história. No ano de 2005, em debates promovidos durante o Festival de Carimbó de Santarém Novo, grupos e entidades paraenses iniciaram a campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, com o objetivo de mobilizar a sociedade para a valorização e o reconhecimento da expressão como importante elemento de identidade da cultura nacional. Após oito anos de ações, pesquisas e estudos, o processo de registro do carimbó como patrimônio cultural, junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, está na fase final e a expectativa é que seja concretizado em 2014.


Mais que um estilo de música, no Pará, o carimbó representa um modo de vida que é transmitido oralmente pelos mestres e membros dos grupos. Segundo Isaac Loureiro, coordenador da campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro e membro da Irmandade de Carimbó de São Benedito, existem diversos debates sobre a origem do carimbó. Contudo, para os grupos, o importante é a síntese da expressão cultural, que eles acreditam ter sido formada por índios, negros e ibéricos. “O carimbó traduz a nossa memória e a tradição que mantemos vivas nas comunidades. São músicas dos séculos 18 e 19, que conseguem afirmar identidade e que ainda espantam as pessoas, porque muitas acham que não deveriam mais existir. Mas, continuamos celebrando o trabalho e a vida com festa, cantando a natureza, o mundo em que vivemos, afirmando valores de solidariedade, de respeito mútuo e de cooperação”, conta.


O carimbó está vinculado aos moradores do interior do Pará, ao ofício dos pescadores, ribeirinhos e agricultores. De acordo com Loureiro, as comunidades se esforçam para preservar a tradição e passar os conhecimentos para as novas gerações. O coordenador da campanha ainda relata que na cidade de Santarém Novo, por exemplo, o carimbó é exaltado com 11 dias de festa comunitária. “O festeiro oferece comida e bebida de graça e, para ele, essa é a maior alegria do mundo. A família se prepara durante o ano todo para, no final, gastar tudo em uma festa e ele fica muito feliz de ter feito isso. São valores fundamentais para nós, um modo de vida que está se perdendo cada vez mais, que vem das comunidades e tem contato direito com a natureza, com a terra e com as pessoas que valorizam aquilo que é mais essencial, o ser e não o ter”, disse.


A campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro foi criada pelo anseio do reconhecimento e utilizou a afirmação como estratégia para disseminar informações sobre o carimbó e reduzir preconceitos. “Elaboramos um movimento, organizado pelos grupos e mestres de carimbo, para buscar o registro oficial [do Iphan] e para mobilizar a sociedade em torno da importância do tema. Para nós, não adianta apenas ter o título e somente o governo reconhecer, é preciso que a sociedade também reconheça e compreenda o valor dessa manifestação e desse patrimônio. A campanha cumpria um papel duplo de apresentar essa demanda para o governo e, também, por meio de várias ações, levar para as comunidades a compreensão sobre o que significa o registro do carimbó como patrimônio”, afirma Loureiro.


De acordo com a técnica em Antropologia, do setor de Patrimônio Imaterial da superintendência do Iphan do Pará, Larissa Guimarães, o processo para o registro do carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro foi iniciado em 2006, com a formalização do pedido junto à presidência do Iphan. “No caso do carimbó, o pedido foi oficializado por meio da Irmandade de Carimbó de São Benedito, junto com outros grupos. A partir disso, foi dado todo o trâmite e a abertura do processo, em dezembro de 2008, e a pesquisa foi iniciada com a realização do Inventário Nacional de Referências Culturais – INRC. Esse inventário começou com um levantamento preliminar e as etapas subsequentes de identificação e documentação seguiram, desde então, até 2013. O registro ainda não saiu, está na fase final, que é a elaboração do dossiê. Há uma previsão de registro no ano de 2014, mas o prazo está aberto”, explica.


O carimbó já é registrado pelo estado do Pará como Patrimônio Imaterial, e, segundo Guimarães, com o reconhecimento nacional, o Ministério da Cultura, por meio do Iphan, deve desenvolver uma série de políticas para salvaguardar o bem. “Um dos pontos principais desse reconhecimento do Iphan é proporcionar políticas de salvaguarda. As iniciativas que serão trabalhadas, a partir do registro, têm como foco principal a valorização dos grupos e dos mestres de carimbó. O trabalho que fazemos não é o de delimitar o que é o carimbó e nem de definir o que seria, mas registramos como ele é referenciado pelos seus detentores, as pessoas que vivenciam de fato o carimbó e fazem os instrumentos, as carimbolas, maracas e flautas”, elucida.


O mestre do Grupo Uirapuru, Manuel Farias Pinto, conta que há um compromisso para preservar a cultura do carimbó e passar todo o conhecimento. “Aprendemos a respeitar os mestres que já se foram e os que estão vivos até hoje, em idade avançada. Hoje, pra mim, é uma grande honra ser mestre, temos mais de 45 grupos de carimbó na cidade [de Marapanim]. Buscamos trabalhar com esse pessoal para que nossa cultura possa viver durante muitos anos e queremos esse registro porque ele irá garantir que a nossa cultura tenha mais respeito, para que os mestres sejam valorizados nos seus tratados, para que eles possam ter a função e o conhecimento deles passados nas escolas, para os alunos”.


O mestre explica que o carimbó emite um som forte e envolvente, que mantém as suas origens na natureza e, por esse motivo, transmite uma cultura de raiz. “As músicas são feitas quando estamos pescando, trabalhando, pela cantiga de um pássaro voando, pelo jogar da maresia, do barco, da linha. Essa criação nasce da labuta, quando surge a inspiração do dia. A universidade ajuda no conhecimento, na sabedoria, mas o mestre não precisa passar pela universidade para fazer uma música, ele já traz isso dentro dele. Para uma criança de dois ou três anos bater o carimbó no ritmo, pegar a maracá e tocar, isso já vem no sangue, foi dado pela natureza. O carimbó é uma expressão forte que contagia e mexe com as pessoas, porque vem do tronco da árvore, do índio e do caboclo”, diz o mestre Manuel Farias Pinto.


Pamella Indaiá/Blog Acesso

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Marapanim em festa celebra o Carimbó, patrimônio cultural de nosso povo!

Crianças de Marapanim abrindo caminho para o Mastro na abertura do Zimbarimbó 2012
Marapanim está em festa! A antiga “borboletinha do mar” na língua dos primeiros moradores Tupis, celebra o ritmo tradicional do Carimbó, esse ritmo nascido da fusão das culturas ancestrais indígenas, africanas e lusitanas, aqui preservado em sua essência há mais de dois séculos. 

A festa começa neste dia 5 de dezembro, quando é comemorado do Dia Municipal do Carimbó, data escolhida pelos carimbozeiros de Marapanim para marcar no calendário oficial a devida valorização à manifestação cultural mais famosa da cidade. E continua nos dias 6 e 7 com a realização da edição 2013 do ZIMBARIMBÓ, o belo festival promovido pelos grupos e associações de carimbó do município.

Dia Municipal do Carimbó: Marapanim reverenciando sua cultura

O Dia Municipal do Carimbó - dia 5 de dezembro - faz parte do calendário de feriados municipais de Marapanim desde 2009, quando a Câmara Municipal aprovou a proposta apresentada por vários grupos de Carimbó de instituir essa data para celebrar a maior expressão cultural do município. Desde então, todos os anos Marapanim e seus mestres saem às ruas nesse dia para comemorar essa manifestação bicentenária.

Mestres e aprendizes nas ruas da cidade ao ritmo do Carimbó
Este ano a comemoração do Dia Municipal do Carimbó antecede o festival Zimbarimbó. A programação prevê alvorada, cortejo de rua e apresentações de dança e música com diversos grupos de carimbó do município, entre outras atividades. O espaço da mostra musical será na Praça das Vitórias, mesmo local do Zimbarimbó, a partir das 18h. A realização é da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura em parceria com as associações e grupos de carimbó de Marapanim.

ZIMBARIMBÓ 2013: Marapanim celebrando nossa maior tradição

Mantendo firme a bandeira do reconhecimento do Carimbó como patrimônio cultural brasileiro, a edição 2013 do ZIMBARIMBÓ – A Grande Festa do Carimbó de Marapanim – acontece nos dias 6 e 7 de dezembro na cidade de Marapanim, reunindo grupos e mestres do Carimbó tradicional do município em um evento que pretende celebrar e proporcionar visibilidade a essa que é a grande expressão da cultura popular paraense e amazônica.

A iniciativa é dos Grupos e Associações Culturais Japiim, Raízes da Terra, Uirapuru, e Filhos de Marapanim, contando com o apoio da SECULT-PA, Prefeitura Municipal de Marapanim e da
Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, dentre outros.

Mestre Manoel do grupo Uirapuru carregando o Mastro de S. Benedito
A abertura do ZIMBARIMBÓ 2013 acontece no dia 6 de dezembro, sexta-feira à tarde, com o tradicional Cortejo do Mastro de São Benedito, que sairá da residência de um dos mestres de Marapanim e percorrerá as ruas da cidade ao som do legítimo carimbó do Grupo Novos Canarinhos, até o local do evento, na Praça das Vitórias, na orla da cidade, onde será feita a cerimônia de levantação do mesmo.

Logo em seguida se inicia a grande Mostra dos Grupos de Carimbó no palco do festival, onde se apresentam músicos e dançarinos de vários grupos de Marapanim, tanto da cidade quanto da região rural (Água Doce) e praiana (Água Salgada) do município. A proposta é revelar ao público a diversidade do carimbó marapanienese, com seus timbres e ritmos variados. Nessa noite vão tocar 8 grupos tradicionais de Marapanim.

Grupos se apresentando no palco do Zimbarimbó 2012
A Mostra de Grupos de Carimbó continua na noite do dia 7 de dezembro, sábado, com apresentações de mais 7 grupos do legítimo carimbó pau & corda. A expectativa dos organizadores é chegar a 10 mil pessoas participando do evento este ano.

O evento oferece uma boa amostra da qualidade e beleza do carimbó marapaniense, com grupos da cidade e das regiões do interior do município mostrando sua arte e peculiaridades, um verdadeiro tesouro para quem gosta e reconhece a importância da cultura de nosso povo. Por lá passarão os Conjuntos Japiim, Borboleta do Mar, Os Filhos de Marapanim, Flor do Mangue, Uirapuru, Uirapuru Mirim, Novos Canarinhos, Os Originais e Raízes da Terra (da cidade), além dos grupos Pica-Pau da Vista Alegre e Beija-Flor de Marudá (da região da Água Salgada) e Sereias do Mar, Raízes do Paramaú e Faixa Branca (da região da Água Doce). Segundo a coordenação do evento, a intenção era envolver mais grupos nesta edição, mas em função de limitações financeiras não foi possível ampliar o número de participantes.

Oficina reunirá carimbozeiros em Ciclo de Formação de Agentes Culturais do Carimbó
Outra atividade do festival será a Oficina de Elaboração de Projetos Culturais, uma ação da Campanha do Carimbó em parceria com o Programa Coroatá de Formação de Empreendedores Culturais, vinculado à Proex/UFPa, que vem realizando nas comunidades carimbozeiras do interior do Estado um Ciclo de Formação de Agentes Culturais do Carimbó, com oficinas e seminários voltados para as lideranças e produtores culturais dos grupos locais.

As oficinas são realizadas em módulos, tendo acontecido o 1º módulo na Vila de Fortalezinha, Ilha de Maiandeua, município de Maracanã, no mês de novembro passado. Agora os participantes se reencontram em Marapanim para o 2º módulo. O último módulo de 2013 será em Santarém Novo, nos dias 13 e 14 de dezembro, durante o Festival de Carimbó de Santarém Novo - Fest Rimbó.

 A oficina em Marapanim acontece nos dias 6 e 7 de dezembro pela manhã e tarde, na Escola Padre Alves, com inscrições gratuitas.

O ZIMBARIMBÓ 2013 faz parte do CIRCUITO ZIMBA PARÁ, projeto que integra diversos festivais e eventos promovidos por grupos e comunidades vinculados à Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro. Todas as atividades do evento serão gratuitas e abertas ao público.

SERVIÇO:
O que: Dia Municipal do Carimbó 2013
Quando: 05 de dezembro de 2013
Onde: Praça das Vitórias, Marapanim, Pará

O que: ZIMBARIMBÓ 2013 – A Grande Festa do Carimbó de Marapanim
Quando: 06 e 07 de dezembro de 2013
Onde: Praça das Vitórias, Marapanim, Pará

Contatos e Informações:

Marapanim: (91) 9820-8454 (Zuleide Alves) e (91) 8199-7671 (Mestre Manoel)
Belém: (91) 8814-4047 (Prof. Favacho)

www.facebook.com/zimbarimbo.marapanim