quinta-feira, 28 de agosto de 2014

CARIMBÓ PODE RECEBER REGISTRO DE PATRIMÔNIO IMATERIAL DA CULTURA BRASILEIRA

(Matéria publicada pela Agência Pará de Notícias)

Isaac Loureiro, coordenador da Campanha do Carimbó (foto Agência Pará)

O carimbó, mais forte manifestação musical da cultura paraense, poderá receber registro como Patrimônio Imaterial da cultura brasileira. O processo, que está sob análise do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2008, pode culminar com parecer favorável em reunião do próximo dia 11 de setembro, em Brasília, quando o conselho do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan vai deliberar sobre o registro.

Em 2009, a dança do carimbó foi declarada Patrimônio Cultural e Artístico do Estado, por meio da Lei nº 7.345, porque representa as tradições e os costumes locais, passando a ser incluída nos calendários histórico, cultural, artístico e turístico do Pará. 

Já o pedido de registro junto ao Iphan foi apresentado pela Irmandade de Carimbó de São Benedito e associações culturais Japiim, Raízes da Terra e Uirapuru. Desde então, formou-se a campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro”. Entre os anos de 2008 e 2013, o Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan e a Superintendência do Iphan no Pará conduziram o processo de registro e acompanharam as pesquisas para a identificação do carimbó em diversas regiões do Estado.

Na reunião do dia 11 de setembro, em Brasília, não será votado apenas o registro do carimbó. Para a decisão, serão levados em conta se os bens culturais em questão são referências dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, e se são recriados pelas comunidades e grupos em função do ambiente e da interação com a natureza e história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

Conquista – Segundo a superintendente do Iphan no Pará, Maria Dorotéa de Lima, pela repercussão vista na imprensa e nas redes sociais, há uma grande expectativa para que o resultado seja positivo. Ela diz que o reconhecimento do carimbó como Patrimônio Imaterial brasileiro é de grande importância para a cultura paraense. “Para os grupos de carimbó, incluindo tocadores, mestres e dançarinos, isso certamente significa muito mais”, comenta.

Após o registro, será estabelecida uma política federal de reconhecimento e valorização do patrimônio cultural brasileiro, além da implementação de um plano de salvaguarda que assegure as condições de transmissão e reprodução do bem. “O registro traz também a possibilidade de acesso a recursos por meio de editais específicos de fomento às iniciativas de fortalecimento e divulgação dessa forma de expressão, dando maior visibilidade àqueles para os quais a vida cotidiana é indissociável do carimbó”, explica Maria Dorotéa.

Caso o parecer seja favorável, o movimento que coordena a campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro” está organizando uma grande festa com a participação de mais de 300 mestres e grupos de todas as regiões do Estado. O local ainda está sendo definido, mas provavelmente será a Praça da República.

O ativista cultural e pesquisador Isaac Loureiro explica que ver o carimbó como Patrimônio Cultural Imaterial é um anseio e uma luta que nasceu em 2005, em Santarém Novo, no nordeste paraense, e que aglutinou pessoas que criaram o movimento para envolver e mobilizar a sociedade em torno do reconhecimento. Em 2008, o movimento entrou com o pedido junto ao Iphan, que começou a instruir o processo iniciado pelo inventário feito em várias regiões do Pará.

(Márcio Flexa - Da Redação)

terça-feira, 12 de agosto de 2014

IPHAN PUBLICA COMUNICADO NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO SOBRE REGISTRO DO CARIMBÓ COMO PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL

 Patrimonio CariboNo último dia 11 de agosto o Iphan fez publicar no DOU um comunicado informando sobre a tramitação do processo de registro do Carimbó como patrimônio cultural imaterial, estabelecendo um prazo de 30 dias para qualquer manifestação da sociedade a respeito.

Com a finalização desse processo marcada para acontecer dia 11 de setembro, quando ocorrerá a reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio, o órgão apresenta publicamente um resumo de toda a documentação produzida nesse processo e que está sob análise dos conselheiros.

O comunicado publicado no Diário Oficial informa que o parecer do relator é favorável ao reconhecimento do Carimbó e recomenda sua inscrição no Livro de Registro correspondente. A reunião do Conselho deverá ratificar esse parecer.

O documento sofreu uma correção e foi retificado na edição do DOU de 12 de agosto, pois haviam publicado o termo "amazonense" para identificar os mestres e detentores dos saberes e fazeres do carimbó, sendo então substituído por "amazônidas"...

Em preparação para celebrar com uma grande festa em Belém a conquista do dia 11 de setembro, a Campanha do Carimbó intensifica a mobilização nas comunidades carimbozeiras do Pará, que deverão estar presentes no Ato Público organizado para marcar esse momento histórico da cultura paraense e brasileira.

Vejam no link abaixo a matéria no site do Iphan.

http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=18555&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

CARIMBÓ PODE SER DECLARADO PATRIMÔNIO CULTURAL

(Matéria Publicada pelo Jornal Diário do Pará em 08/08/2014)

Carimbó pode ser declarado patrimônio cultural (Foto: Isaac Loureiro/Divulgação)
Mestres do ritmo aguardam decisão do Iphan para declarar carimbó patrimônio cultural brasileiro  (Foto: Isaac Loureiro/Divulgação)
(Por Nathalia Petta - Da Redação)
 
O carimbó como patrimônio imaterial da cultura popular. É isso que os mestres do estilo no Pará aguardam ansiosamente há oito anos. E eles esperam festejar essa conquistar em breve, com a ajuda da opinião pública. Depois de tanto esperar por uma resposta do pedido que fizeram ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), os mestres e as associações culturais se uniram e usaram o poder das redes sociais para mobilizar paraenses e simpatizantes da música e da cultura populares. Para isso, eles próprios aparecem em fotos com o mesmo apelo para que o pedido seja aprovado.

Mais de 100 mil pessoas foram alcançadas pelas publicações, que foram incontavelmente compartilhadas pela rede através da página da Campanha do Carimbó no Facebook. O resultado foi que finalmente o instituto colocou o pedido em pauta para a reunião do conselho.

“As reuniões do conselho já haviam sido adiadas diversas vezes, foram prometidas para março, depois junho e até agosto, mas quando percebemos que o dossiê nem tinha chegado nas mãos dos conselheiros nacionais, vimos que o sonho de ter o carimbó como patrimônio imaterial da cultura popular cada vez mais distante. Decidimos tomar uma atitude e mostrar o quanto estávamos ansiosos por uma decisão e lançamos a campanha no Facebook. E não queríamos ficar só no virtual, estávamos já partindo para as ruas para reivindicar uma resposta”, diz Isaac Loureiro, presidente da Irmandade Carimbó São Benedito, de Santarém Novo, uma das associações que em 2006 formalizaram o pedido ao Iphan.

“Chegamos até a fazer um cortejo no último dia 11 de julho em Santarém Novo e outros arrastões estavam agendados para Curuçá e Salvaterra. Mas nossas reivindicações virtuais já deram resultado e recebemos o comunicado da superintendente do Iphan que nosso pedido entraria na pauta de setembro e que o dossiê já havia sido encaminhado para Brasília, exatamente após as postagens dos mestres”, comemora Isaac.

Para ele, a campanha nas mídias sociais foi fundamental para que o assunto entrasse em pauta. Apesar das poucas “curtidas” na página oficial da campanha no Facebook (pouco mais de 1,5 mil pessoas), foram mais de 400 compartilhamentos nas fotos dos mestres e as informações foram visualizadas por mais de 100 mil pessoas, segundo os dados administrativos da própria rede social. “Nós já tínhamos tido diversas reuniões, eu mesmo como um dos conselheiros nacionais de política cultural do Ministério da Cultura já havia levado esse pedido inúmeras vezes. Até sessão especial na Assembleia Legislativa nós fizemos, e depois descobrimos que sequer o dossiê havia sido encaminhado”, recorda Isaac.

Festa de carimbó

Com a boa notícia de que o pedido já está em pauta para o mês de setembro, os amantes do carimbó já pensam na festa, quando o resultado favorável for anunciado. Agora eles fizeram mais um pedido ao Iphan: querem que a reunião do conselho seja realizada em Belém, para que os mestres e amantes da música possam participar mais efetivamente e a comunidade possa comemorar, com carimbó, é claro. “Estamos aguardando a resposta. Caso seja favorável, temos muito o que preparar para que a festa já comece enquanto a reunião acontece”, acrescenta o presidente.

Solange Loureiro viveu uma vida dedicada ao carimbó. Sua família faz parte da Irmandade Carimbó São Benedito e sempre esteve envolvida nos eventos, principalmente na tradicional festa de carimbó promovida em dezembro na cidade. “Trabalho na produção e sou dançarina do grupo ‘Os Quentes da Madrugada’, por isso o carimbó faz parte da minha vida. Estamos há muito tempo esperando que esse dia chegue e queremos muito comemorar. Não aceitamos que os mestres do carimbó continuem morrendo sem ter essa resposta e por isso lutamos tanto”, diz ela, que é integrante da campanha.

Solange relembra que o movimento começou em 2005, durante o 3º Festival de Carimbó de Santarém Novo. “Uma técnica do Iphan, na época, veio para o festival e nos esclareceu sobre o patrimônio imaterial e se colocou à disposição para nos ajudar com os registros do carimbó” conta.

Caso o carimbó vire patrimônio, a Campanha do Carimbó planeja um grande festival com grupos de todo estado, numa verdadeira apoteose da cultura popular. “Vamos convidar de 80 a 100 grupos para essa grande festa. Depois vem a cerimônia de titulação, que é um ato solene em que a ministra entrega o certificado do processo. Esperamos que ela entregue nas mãos dos nossos mestres, peças fundamentais para a nossa cultura e astros da nossa campanha”, sonha Isaac Loureiro.

Iphan decidirá em setembro

A superintendência do Iphan no Pará e Amapá confirmou a informação de que a decisão sobre o registro do carimbo como Patrimônio Cultural Brasileiro está agendada para o dia 11 de setembro, durante a reunião do conselho consultivo do órgão, e esclarece que o encontro provavelmente acontecerá em Brasília. 

De acordo com nota enviada ao DIÁRIO pela superintendente em exercício, Tatiana Borges, a decisão do título caberá ao voto do conselho, formado por nove representantes de instituições públicas e privadas e por treze representantes da sociedade civil, indicados pela presidência do Iphan e designados pelo Ministério da Cultura. A sessão será presidida pela presidente do Iphan, Jurema Machado.

De acordo com o Iphan, o Processo de Inventário Nacional de Referências Culturais do Carimbó (INRC Carimbó), que pede a titulação dessa manifestação artística como patrimônio nacional vem tramitando desde 2008, portanto há seis anos.

Neste inventário foram coletadas informações sobre as mais variadas representações que o carimbó apresenta ao povo paraense, suas diversas formas de expressões, celebrações associadas, lugares de incidência da manifestação, confecção de instrumentos, culinária e mais uma infinidade de cargas simbólicas associadas a essa manifestação, com as quais grupos e mestres de carimbó têm contato diariamente.

O material coletado nesses anos de pesquisa foi transformado em um documento chamado “Dossiê do Carimbó” e enviado à sede do Iphan em Brasília, com as justificativas para que a manifestação seja consagrada Patrimônio Cultural Brasileiro.

Aos conselheiros do Iphan, caberá tem a responsabilidade de examinar e apreciar as informações e decidir sobre o registro. O que pesará na decisão, esclarece a nota do Iphan, “é verificar qual a importância cultural do carimbó ao povo paraense, onde obviamente este cultura transborda para vários outros aspectos da vida social do povo paraense, como o econômico, o religioso e etc.”

Confira a matéria no link original: http://www.diarioonline.com.br/entretenimento/cultura/noticia-296886-.html