quinta-feira, 27 de março de 2014

Marapanim realiza seu 3º Encontro da Campanha do Carimbó dia 30 de março

I Encontro da Campanha em Marapanim, março de 2008 (foto por Isaac L)

“Morena vamos comigo, passear na beira mar
Debaixo da rama verde, onde mora o sabiá...”
(Mestre Bento)


Marapanim, na microrregião do Salgado, é um dos municípios onde o Carimbó se manifesta de forma mais autêntica e tradicional. Terra de Mestre Lucindo, Mestre Bento e Mestre Pelé, ícones dessa tradição, a cidade se prepara para realizar o 3º Encontro Marapaniense da Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro”, a ocorrer no dia 30 de março de 2014 (domingo), das 08 às 17 h, na Escola Municipal Zaira Trindade, sito à Rua Ledo Martins, Bairro Novo, em Marapanim/PA.

            Segundo Mestre Manoel Aguinaldo, da Associação Uirapurú e um dos organizadores do evento, Marapanim é o principal pólo de carimbó do Estado, contando com mais de 40 grupos em atividade, sendo um dos pilares da Campanha do Carimbó desde o início das discussões em 2005, ainda em Santarém Novo. O mestre explica que o pedido oficial pelo registro foi assinado pelas associações marapanienses Uirapurú, Raízes da Terra e Japiim, em conjunto com a Irmandade de São Benedito, esta de Santarém Novo. Em março de 2008 essas lideranças realizaram o primeiro encontro da Campanha em Marapanim, preparando as diversas comunidades para receberem os pesquisadores do IPHAN e buscando integrar os grupos do município ao movimento mais amplo. Desde então várias ações vem sendo feitas para consolidar a luta pela valorização do carimbó na região.


Mestre Manoel, do Uirapuru, um dos organizadores da encontro
(foto Cris Salgado)

Para Zuleide Alves, coordenadora do Grupo Raízes da Terra e filha do falecido Mestre Bento,  o Encontro é uma grande oportunidade para todos saberem mais sobre a conclusão e resultados do processo de registro, além de iniciar a discussão do Plano de Salvaguarda do Carimbó, conjunto de estratégias e ações a serem implementados pelo governo em prol do bem cultural registrado. O evento também deverá tratar da mobilização estadual que o movimento planeja para junho em Belém, no momento da reunião do Conselho do IPHAN que definirá o título de patrimônio cultural imaterial brasileiro para o carimbó.

Tambores dos grupos de Marapanim, no encontro de 2008 (foto por Isaac L)

Outro objetivo do encontro é discutir com os mestres e grupos a organização local e estadual da Campanha, inclusive a criação de uma entidade representativa do Carimbó em âmbito municipal e estadual, a exemplo da experiência do Samba de Roda e de outros patrimônios já reconhecidos no país.

   A coordenação local do evento é das Associações Culturais ¨Uirapurú¨, ¨Japiim¨ e ¨Raízes da Terra¨, tendo o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Marapanim.
 
            Serviço:
3º Encontro Marapaniense da Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro”
Dia 30 de março de 2014 (domingo), das 08 às 17 h, na Escola Municipal Zaira Trindade, sito à Rua Ledo Martins, Bairro Novo, em Marapanim/PA.
Contatos:
(91) 8199-7671 (Mestre Manoel)
 (91) 8722-9502 / 8263-9738 (Isaac Loureiro)
(91) 9820-8454 (Zuleide Alves)
 (91) 8157-8840 (Mariana Sarmento)

Programação
Hora
Atividade
07:30
Acolhida dos convidados
Café da manhã
08:30
Mística de Abertura em Memória dos Mestres do Carimbó de Marapanim
Apresentação dos objetivos e programação do encontro (Comissão Organizadora)
Animação: Grupos de Carimbó de Marapanim
09:00
Teia da Memória: como nasceu a Campanha e o processo de registro do Carimbó como Patrimônio Imaterial do Brasil
Mediador: Coordenação da Campanha
09:30
Mesa Redonda: Etapas do processo de registro e sua finalização – desafios e perspectivas
Convidados: IPHAN, Campanha do Carimbó, Comissão Local
Moderação: Comissão Organizadora do Encontro
10:30
Roda de Conversa: O Plano de Salvaguarda do Carimbó – o que é e como será construído? (30 min)
Convidados: IPHAN, IAP, Fundação Curro Velho
Grupos de Cochicho sobre o tema (30 min)
Socialização dos Grupos em Plenária (30 min)
Moderação: Coordenação da Campanha e Comissão Organizadora
12:00
Intervalo para almoço e animação com Carimbó
14:00
Grupos de Trabalho: Estratégias de organização e fortalecimento do Carimbó em nível municipal, estadual e nacional (30 min)
Socialização dos GTs em Plenária (30 min)
Mediação: Coordenação Geral da Campanha e Comissão Organizadora
15:00
Roda de Conversa: proposta de organização da Associação Municipal e Estadual do Carimbó (30 min)
- Objetivos e necessidade da associação
- Etapas de criação da Associação
- Comissões Pró-Associação
Grupos de Cochicho sobre o tema (30 min)
Mediação: Coordenação Geral da Campanha e Comissão Organizadora
16:00
Plenária Final:
- Resultados dos Grupos de Cochicho sobre Associação
- Escolha da Comissão Pró-Associação local e da Comissão Provisória Estadual
- Aprovação das propostas de atividades da Campanha (local e estadual)
- Agenda de Ações
- Avaliação do Encontro
Moderador: Comissão Organizadora do Encontro
17:00
Encerramento (Comissão Organizadora do Encontro)
Lanche Comunitário
Roda de Carimbó com grupos locais e convidados


quarta-feira, 26 de março de 2014

Campanha do Carimbó promove encontros nos municípios para discutir a finalização do processo de registro e plano de salvaguarda

“O nosso objetivo é mostrar nossa união
pelo nosso Carimbó, que é a nossa tradição...”
(Mestre Rildo José/Curuçá)

O Carimbó patrimônio cultural brasileiro: Essa Luta é Nossa!

Considerado o gênero musical tradicional mais conhecido do Pará, o Carimbó é uma manifestação que ocorre há mais de dois séculos em várias regiões do Estado, sendo um elemento fundamental da identidade cultural de nosso povo. Resultado da formação histórica e cultural das populações da Amazônia, sua perenidade e resistência deve-se principalmente a processos de transmissão oral e a modos de vida tradicionais preservados pelas comunidades do litoral e do interior paraense, dentro de seu contexto social, cultural e ambiental.

Cortejo da Campanha nas ruas de Santarém Novo, dezembro de 2010 (foto por Isaac Loureiro)

Em busca da valorização e fortalecimento desta manifestação cultural popular, mestres e grupos de carimbó de vários municípios paraenses criam em 2006 a Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro”, movimento que levanta a bandeira do reconhecimento do Carimbó como patrimônio da cultura brasileira. Organizada a partir das discussões promovidas durante o Festival de Carimbó de Santarém Novo, a Campanha do Carimbó tornou-se um amplo e inédito movimento social e cultural que integra dezenas de grupos e comunidades de carimbó, tendo sido a responsável pelo processo iniciado em 2008 junto ao IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – para registrar o Carimbó Paraense como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Atualmente na fase de conclusão, após um amplo trabalho e pesquisa sobre o carimbó que se realizou em dezenas de municípios paraenses onde essa tradição é relevante, o processo de registro conduzido pelo IPHAN produziu um dossiê sobre a manifestação  que será analisado até junho pelo Conselho Consultivo do Patrimônio. Essa é a última etapa para o registro e titulação do bem cultural.

Neste momento crucial do processo, a Campanha do Carimbó conseguiu um feito inédito: garantir o acesso ao citado dossiê pelos grupos e mestres de carimbó que são os detentores e mantenedores desse bem cultural, para que pudessem discutir os resultados da pesquisa, avaliar o conteúdo e corrigir possíveis falhas que possam haver nesse documento. Após mobilização do movimento carimbozeiro, o IPHAN abriu uma consulta pública para o dossiê, que continua disponível na internet até 31 de março, e receberá as contribuições e considerações das comunidades através da Campanha.

Ato da Campanha do Carimbó no IPHAN em Belém, dando voz aos mestres e comunidades sobre o dossiê
(foto por Pierre Azevedo)

Encontros da Campanha nos municípios preparam mobilização estadual para junho em Belém

Agora que o processo de registro está sendo finalizado, a Campanha promove novos encontros comunitários nos vários municípios do território do Carimbó, locais incluídos na pesquisa feita IPHAN entre 2009 e 2013 e que seguem sendo as bases de sustentação da manifestação. Esses Encontros pretendem reunir os diversos grupos de Carimbó de cada município, seus mestres, músicos e dançarinos, as entidades culturais e as instituições públicas de cultura locais, buscando expressar as vozes e anseios da comunidade  carimbozeira em relação à iminente conquista desse reconhecimento nacional.

Encontro da Campanha na Vila de Araquaim, Curuçá, em 2008 (foto por Isaac Loureiro)

Um dos objetivos desses encontros é esclarecer as comunidades sobre a finalização do processo de registro do carimbó, preparando a grande mobilização estadual em Belém para o momento da reunião do Conselho que definirá o título de patrimônio cultural imaterial brasileiro, previsto para junho. O evento também já pretende levantar a discussão do Plano de Salvaguarda do Carimbó a partir dos mestres e grupos, antecipando os debates que serão feitos pelo Iphan após a finalização do registro.

Outra intenção dos encontros é articular e fortalecer a organização da Campanha em nível local e estadual, buscando estruturar e planejar suas atividades nos municípios e regiões. Por isso será discutida proposta de criação das Associações Municipais do Carimbó e de uma entidade de âmbito estadual que congregue e represente todos os grupos e comunidades carimbozeiras tradicionais.

Reunião preparatória para o Encontro da Campanha em Colares, março de 2014.
 (foto Instituto Terra Pará)

A agenda dos Encontros nos municípios tem início dia 30 de março, em Marapanim, que realizará seu 3º Encontro Municipal da Campanha. No dia 5 de abril será a vez de Curuçá, que receberá mestres e grupos na Vila de Araquaim. Dia 12 de abril o encontro acontece em Belém, reunindo os carimbozeiros da região metropolitana. Dia 26 de abril o carimbó do Marajó se encontra em Soure. Dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, é a vez de Colares receber os grupos locais, de Vigia e São Caetano de Odivelas. Dia 4 de maio vai ser o encontro de Santarém Novo, com a participação de Salinas e São João de Pirabas. Há eventos sendo articulados ainda em Maracanã e Irituia.

Encontro da Campanha na Vila de Fazendinha, Marapanim, 2010 (foto por Isaac Loureiro)

Todos os encontros são organizados diretamente pelos mestres e lideranças do carimbó em cada localidade, tendo o apoio de instituições culturais públicas e privadas. Para viabilizar cada evento, a coordenação da Campanha do Carimbó tem realizado dezenas de reuniões com essas lideranças em seus municípios, fortalecendo sempre o protagonismo das comunidades.

Mais informações:
(91) 8722-9502 / 8263-9738
carimbopatrimonioculturalbr@gmail.com

terça-feira, 25 de março de 2014

Prorrogado até dia 31 o prazo da consulta pública ao Dossiê de registro do Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro


Reunião teve mestres do Salgado e Marajó (Fotos: Cris Salgado)


No dia 18 de março, mestres do Carimbó de diversas regiões do Pará (Marajó, Salgado e região metropolitana) estiveram novamente na sede regional do IPHAN (Belém) para entregar sua proposta de correção ao Dossiê de Registro do Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro, que o órgão elaborou e cuja consulta pública se encerraria naquela data. Como os mestres alegaram a dificuldade que sentiram para que todos os grupos interessados tivessem tomado conhecimento do conteúdo do Dossiê e da própria consulta em si - já que ela é feita apenas através da internet, cujo acesso é por vezes muito difícil nos interiores -, o IPHAN concordou em estender o prazo da consulta até o próximo dia 31 de março. Qualquer pessoa pode consultar o dossiê e contribuir com sugestões ou correções. (Acesse a notícia no site do IPHAN onde constam os links do dossiê e do inventário de referências culturais do carimbó).

Perto de 9h da manhã, já havia diversos grupos na área externa do prédio do IPHAN na esquina de José Malcher com Benjamin Constant. Gente que havia saído de casa perto de 5h, 6h da manhã e viajado cerca de três a quatro horas para estar ali defendendo o registro do Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro. Diferentemente do encontro anterior, em 6 de março, desta vez não houve o interesse dos grandes veículos da imprensa de Belém em cobrir o evento, só estiveram presentes o site Pará Música e nós do Som do Norte, além da Rádio Paraíso FM (Salinópolis).

Os trabalhos no auditório do IPHAN começaram perto de 11h, com uma roda e gritos de "Viva o Carimbó," como não podia deixar de ser, e acabaram com outra roda, passado um pouco das 14h. O coordenador-geral da Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, Isaac Loureiro, lembrou o ineditismo de o IPHAN abrir consulta pública para um dossiê, algo que não aconteceu em nenhum dos 29 processos já concluídos de registros de bens pelo órgão. A abertura só aconteceu devido à mobilização da comunidade carimbozeira, que, considerando que o dossiê, quando publicado, será a principal referência sobre carimbó para o público brasileiro, está se empenhando ao máximo para que o estudo não contenha erros, mesmo que de antemão se saiba que é impossível citar no documento todos os grupos hoje existentes.

O antropólogo Ciro Lins participou da reunião como representante do IPHAN, relatando as dificuldades que o órgão enfrenta para, com equipe e verba reduzidas, dar conta da demanda de registros de novos bens culturais e salvaguarda dos já registrados. Acrescentou também que, além da revisão que se faz previamente agora, futuramente o Dossiê do Carimbó pode passar por nova revisão para ser republicado com acréscimos e correções. "A cada 10 anos, existe a revalidação dos bens registrados", explicou, e nestes momentos podem ocorrer modificações. 

Mestre Manoel Pinto, do grupo Uirapuru (Marapanim), lembrou aos presentes a necessidade de os grupos se constituírem legalmente, obtendo CNPJ, pois do contrário não poderão ter acesso aos recursos que serão garantidos aos carimbozeiros após a promulgação do registro pelo Ministério da Cultura.


Mestre Nelson Freitas, de Salinas (Foto Cris Salgado)

Mestre Dico Boi, de Santarém Novo
 (foto Cris Salgado)
No player abaixo, você começa ouvindo um trecho da roda de carimbó que reuniu integrantes de diversos grupos no pátio do IPHAN, antes do começo da reunião. Seguem-se as entrevistas com Elias Barata Modesto (do grupo de Carimbó Raio de Luz, da comunidade de Itajubá, município de Curuçá), Nelson Freitas(foto acima)(do Grupo de Carimbó O Popular, de Salinópolis), Dico Boi(foto à direita)(do grupo Os Quentes da Madrugada, de Santarém Novo) e Mestre Diquinho (do Grupo de Tradições Marajoaras Cruzeirinho, de Soure, Ilha do Marajó). 




domingo, 16 de março de 2014

Campanha do Carimbó fará ato em Belém para entrega da avaliação comunitária do Dossiê ao IPHAN



A Campanha do Carimbó reunirá em Belém nesta terça, dia 18, mestres e lideranças do carimbó de vários municípios paraenses para entregar ao IPHAN as considerações, recomendações e proposições dos grupos e comunidades carimbozeiras a respeito do dossiê da carimbó que foi colocado em consulta pública na internet, após solicitação feita pelas comunidades vinculadas à Campanha. 

O ato de entrega terá a participação de mestres e grupos vindos das regiões do Salgado, Bragantina, Metropolitana e do Marajó, além de ativistas e gestores culturais desses municípios.

O prazo estabelecido para a consulta pública pelo IPHAN encerra nesta mesma terça-feira, dia 18. Segundo o órgão, os resultados dessa consulta serão analisados pelos técnicos para que possam ou não ser incorporados ao texto do documento as correções e recomendações enviadas pelo movimento organizado dos carimbozeiros e pela sociedade em geral. Após esse processo o dossiê corrigido e atualizado será encaminhado ao Departamento do Patrimônio Imaterial em Brasília, para que possa ser avaliado pelos integrantes do Conselho Consultivo do Patrimônio, organismo que deverá decidir até junho sobre o registro e a titulação do carimbó como patrimônio imaterial nacional.

O documento a ser entregue ao IPHAN é o resultado de inúmeras reuniões e intensos debates realizados pela Campanha junto aos grupos de carimbó em diversas cidades das regiões do Salgado, Bragantina, Metropolitana e do Marajó desde janeiro deste ano, quando recebeu cópias do dossiê. Segundo o coordenador da Campanha do Carimbó, Isaac Loureiro, aconteceram reuniões envolvendo grupos de Salinas, Pirabas, Santarém Novo, Maracanã, Marapanim, Curuçá, Vigia, São Caetano, Colares, Irituia, Soure, Salvaterra, Cachoeira do Arari, Santa Cruz do Arari, Santa Bárbara do Pará, Ananindeua e Belém, entre outros.


Reunião com carimnbozeiros do Marajó, em Soure (foto Ana Amélia)


Reunião com mestres e grupos em Marapanim (foto por Max)

No início de março o movimento carimbozeiro realizou em Belém um grande encontro para reunir essas lideranças e avaliar o documento do IPHAN. Na reunião os mestres apontaram várias falhas no dossiê, questionando informações e conclusões da equipe de pesquisadores que formulou o mesmo. Agora esses questionamentos e recomendações serão repassadas ao órgão federal com a expectativa das comunidades envolvidas que o texto final elimine os erros e incorpore as contribuições de cada localidade. 

Encontro da Campanha em Belém para discutir o dossiê (foto por Cris Salgado)

Outra demanda a ser apresentada ao IPHAN é o acesso dos grupos e mestres ao vídeo-documentário sobre o carimbó que está sendo produzido desde 2010 e que até agora não foi apresentado às lideranças da Campanha. O documentário é considerado uma peça importante da documentação necessária para o registro do patrimônio imaterial, juntamente com o dossiê.


Serviço:
Ato da Campanha do Carimbó em Belém para entrega da avaliação comunitária do Dossiê ao IPHAN
Terça às 09:00
Prédio Anexo do IPHAN-PA, na Av. Governador José Malcher, esquina com a Trav. Benjamin Constant, Nazaré, Belém, PA


Informações: (91) 8263-9738 / 8722-9502
                       https://www.facebook.com/campanhadocarimbo 


segunda-feira, 10 de março de 2014

Até dia 18, Dossiê de Registro do Carimbó está aberto para consulta pública; participe!


Diversas lideranças do carimbó - mestres, músicos, dançarinos, pesquisadores, vindos de cidades próximas a Belém e da Região do Salgado - se reuniram na sede regional do IPHAN no Pará, na quinta, 6 de março, para debater o dossiê de registro do Carimbó como Patrimônio Imaterial Brasileiro. Até o dia 18 de março, qualquer pessoa pode consultar o dossiê e contribuir com sugestões ou correções. (Acesse a notícia no site do IPHAN onde constam os links do dossiê e do inventário de referências culturais do carimbó).


O encontro foi aberto com uma roda perto de 10h30 da manhã, onde cada participante falou de sua relação com o carimbó e expectativa em relação ao registro. Antes disso, várias equipes de reportagem estiveram no local entrevistando os mestres e lideranças do movimento - podemos citar as TVs Liberal, Cultura, RBA e SBT, as rádios Cultura e Liberal, o jornal Amazônia, o site Pará Música e o blog Som do Norte. O debate sobre o dossiê apresentado pelo IPHAN se estendeu até perto de 16h.





É necessário destacar o ineditismo desta consulta. Usualmente, quando o IPHAN realiza o registro de um bem cultural brasileiro, após a fase de pesquisas elabora um dossiê e um inventário que são analisados por seu Conselho Consultivo, que aprova (ou não) o registro do bem. Porém, os coordenadores da Campanha Carimbó Patrimônio, argumentando que, uma vez publicado o dossiê, este se tornará a maior referência disponível sobre o carimbó, entenderam pela necessidade de terem acesso ao documento, para se assegurar que este de fato contenha as informações corretas. Isto nunca foi solicitado antes, e olhem que o IPHAN já registrou o samba de roda da Bahia, o tambor de crioula do Maranhão, o frevo pernambucano, entre outros importantíssimos bens culturais brasileiros. Faço votos de que esta etapa de consulta pública a partir de agora seja incorporada ao ritual de registro dos bens culturais a serem tombados pelo instituto (lembrando que atualmente se realiza no Amapáa pesquisa de campo visando o registro do marabaixo como patrimônio imaterial).


A expectativa é de que, finalizada a consulta e incorporadas as correções e sugestões, o Conselho Consultivo do IPHAN se reúna (a princípio, em Brasília, mas a Campanha pretende solicitar que a reunião aconteça em Belém) e decida pelo registro do Carimbó como patrimônio imaterial brasileiro ainda neste primeiro semestre. De todo modo, o registro deve acontecer ainda este ano, como a ministra Marta Suplicy declarou ao Som do Norte em janeiro.



Ouça na seqüência quatro entrevistas realizadas pela manhã. Primeiro,Mestre Manoel, do Grupo Uirapuru, fala à TV Liberal da luta dos carimbozeiros para a preservação do carimbó de raiz (ao final, conta ao Som do Norte sobre o bloco do Zimbarimbó, que tem desfilado nos carnavais de Marapanim). Depois, Isaac Loureiro, coordenador-geral da campanha, chega a ser poético ao falar da relação do carimbó com a natureza; ele destaca também o crescente interesse dos jovens paraenses pelo autêntico carimbó. As outras duas falas trazem relatos sobre a resistência que representa manter o carimbó vivo em Belém: Nego Ray(foto), do espaço cultural Coisas de Negro, comenta a roda de carimbó que o espaço realiza todos os domingos há 14 anos, e Neire Rocha,diretora do Grupo Sancari, lembra a roda que o grupo comandava todos os sábados por volta de 2010.