quinta-feira, 30 de junho de 2011

80 anos de 'Batuque', do poeta Bruno de Menezes

(Publicado no Diário do Pará em 30.06.2011)

 Foi em junho de 1931 que saiu a primeira edição do livro de poemas “Batuque”, do poeta e folclorista paraense Bruno de Menezes, um registro da presença do negro na cultura brasileira. De lá pra cá já saíram sete edições, o que para Maria de Belém, filha do escritor, é uma grande conquista.

A segunda edição contou com ilustrações de Garibaldi, já a quinta foi uma tiragem especial em comemoração aos 350 anos de Belém. As ilustrações desta edição estão no piso do palanque da Praça Bruno de Menezes, no bairro de Canudos. O escritor publicou um total de 13 obras, sendo as primeiras tiradas pela Tipografia Guará, na Cidade Velha.

Criado no festivo bairro do Jurunas, conhecido por suas tradições populares, Bruno de Menezes, ou Bento de Menezes, como foi batizado, só fez o curso primário, o que não o impediu de imprimir em seus livros todas as manifestações de sua vivência. Foi o ofício de encadernador que o levou a apaixonar-se pelo mundo dos livros.

Obra reflete a musicalidade negra

Maria de Belém tem em “Mãe Preta” e “Pai João” alguns de seus poemas preferidos do livro “Batuque”. Funcionária aposentada da Justiça do Trabalho, a filha de Bruno de Menezes esbanja lucidez do alto de seus 84 anos de vida, e não deixa de citar, com orgulho, seus irmãos e os atributos de seu pai. “Meu pai era um homem cordial, alegre e presente, sempre nos incentivava muito na leitura e nos estudos”, relembra.

Com ilustrações de Raimundo Vianna, “Batuque” já foi adaptado para espetáculos e homenageado diversas vezes, como nas peças “Bento Bruno”, de Carlos Correia Santos, apresentada no ano passado pelos alunos da Fundação Curro Velho, no Teatro Waldemar Henrique, e “Batuque”, apresentado pela Cia. de Dança Clara Pinto no Theatro da Paz.
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“A musicalidade dos poemas dele mostram o negro cantando a noite para disfarçar a dor de seu sentimento na senzala”, diz Maria de Belém.

João Bosco Castro chegou a musicar “O Cheiro da Mulata” e a “Escola dos Sapos”. “Numa excursão à França, brincava-se que o cheiro da mulata se comparava ao cheiro dos perfumes franceses”, divertem-se as filhas de Bruno.

“‘Batuque’ não fica só nas estantes de livros; é uma obra que tem um destaque popular e desceu para a alma do povo. São 80 anos de alma viva. Não é uma comemoração saudosa, é participativa”, emociona-se Maria de Belém.

Leia a matéria completa AQUI.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bumba-meu-boi do Maranhão terá registro como patrimônio cultural nacional

Iphan abre prazo para manifestações sobre inscrição da festa no Livro do Registro das Celebrações


O Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MinC), abriu prazo para a manifestação da sociedade sobre o pedido de inscrição do Complexo Cultural do Bumba-meu-boi do Maranhão no Livro de Registro das Celebrações.

A proposta de registro do Complexo Cultural do Bumba-meu-boi do Maranhão como Patrimônio Cultural do Brasil foi apresentada em 2008 pela Comissão Interinstitucional de Trabalho. O grupo é composto pela Superintendência do Iphan no Maranhão, Secretaria de Estado de Cultura, Fundação Municipal de Cultural, Comissão Maranhense de Folclore, Grupo de Pesquisa Religião e Cultura Popular da Universidade Federal do Maranhão, representantes dos Grupos de Bumba-meu-boi dos Sotaques da Baixada, Matraca, Zabumba, Costa-de-mão, Orquestra e de Bois Alternativos e representantes e membros de grupos de Bumba-meu-boi e da comunidade. É bom lembrar que também nesse mesmo ano foi feito aqui no Pará o pedido oficial para o registro do Carimbó, que ainda não teve seu inventário concluído.

O Bumba-meu-boi é uma festa tradicional onde a figura do boi é o elemento central. Reúne também outras manifestações culturais e, por isso, é chamado de complexo cultural. Muitas vezes definido como um folguedo popular, o Bumba-meu-boi extrapola a brincadeira e se transforma em uma grande celebração tendo o boi como o centro do seu ciclo vital e o universo místico-religioso. Profundamente enraizado no cristianismo e, em especial, no catolicismo popular, o Bumba-meu-boi envolve a devoção aos santos juninos São João, São Pedro e São Marçal. Os cultos religiosos afrobrasileiros do Maranhão também estão presentes na celebração, como o Tambor de Mina e o Terecô, caracterizando o sincretismo entre os santos juninos e os orixás, voduns e encantados que requisitam um boi como obrigação espiritual.

As apresentações dos Bois ocorrem em todo o estado do Maranhão e durante todo o ano, mas concentram-se durante os festejos juninos. Seu ciclo festivo e de apresentações pode ser dividido em quatro etapas: os ensaios, o batismo do boi, as apresentações e a morte. O Bumba-meu-boi do Maranhão comporta, ainda, diversos estilos de brincar, os sotaques, com destaque para a Baixada, a Matraca, a Zabumba, a Costa-de-mão e a Orquestra, entre as muitas variações de estilo, além dos Bois alternativos. Alguns aspectos caracterizam a celebração como o boi, a festa, os rituais, a devoção aos santos, as músicas, as danças, as performances dramáticas, os personagens, os artesanatos e ofícios, os instrumentos e o caráter lúdico. Desta forma, a celebração articula várias formas de expressão e saberes, o que torna o Bumba-meu-boi uma manifestação com grande capacidade de mobilização social, reforçando laços de solidariedade entre os brincantes e contribuindo com a reconstrução da identidade social e cultural.

As manifestações sobre o registro da candidatura devem ser enviadas, dentro do prazo de 30 dias – a contar a partir da publicação no Diário Oficial da União (24 de junho)-, por correspondência, para o novo endereço da presidência do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural – Presidente – SEPS, 713/913 bloco D, Edifício Lucio Costa , 5º andar – Brasília – Distrito Federal – CEP: 70390-135.

Fonte: http://www.cultura.gov.br/site/2011/06/28/bumba-meu-boi/

quarta-feira, 22 de junho de 2011

PARANATIVO convida para a sua Roda de Carimbó de Junho

Recebemos o convite e compartilhamos aqui com vocês. Participem. E viva o Carimbó vivo!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Em busca dos sons do Carimbó: matéria do Diário do Pará


Aliado da Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, que conheceu através da Irmandade de Carimbó de São Benedito (Santarém Novo/PA), Alfredo Bello (Selo Mundo Melhor/SP) retorna ao Pará e dá continuidade ao projeto de registro sonoro e audiovisual dos grupos e mestres tradicionais do gênero, iniciado em 2008 e que realiza agora mais uma etapa.

Desta vez as gravações acontecerão no município de Salinópolis, cidade litorânea e turística na região do Salgado, lugar de uma belíssima tradição de carimbó praiano que vem sendo revigorada por conta do processo de registro do ritmo como patrimônio imaterial do Brasil.

O roteiro previsto para as gravações é o seguinte:

Dia 16/junho (quinta-feira): Gravações na cidade de Salinópolis, registrando os grupos de carimbó Revelação do Zimba, O Popular, Ritmo Salinense e Originais do Sal.

Dia 17/junho (sexta-feira): Gravações na Vila de Coremas, com registro do Cordão de Pássaro Sabiá e do grupo de carimbó Raízes Coremar.

Dia 18/junho (sábado): Gravações na Vila de São Bento, com o grupo de carimbó Ritmo Regional, sucessor do antigo Os Zíngaros.

Em breve postaremos aqui o relato completo das gravações e atividades.

Por enquanto LEIA AQUI a matéria publicada pelo Jornal Diário do Pará sobre essa iniciativa.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Chico Braga lança CD e vira tema de documentário

(Publicada no Diário do Pará em 10.06.2011)

Depois de amargar o ostracismo, o mestre de carimbó Chico Braga se prepara para ganhar uma dupla homenagem. Aos 66 anos, o músico irá lançar seu primeiro CD, “Tribo de Maiandeua”. Gravado em maio deste ano, o trabalho, que está em fase de pós produção, fará parte da caixa “Casarão”, com previsão de estreia para novembro. O box, com patrocínio do programa de incentivo cultural Conexão Vivo, será composto por álbuns de Calibre, Juca Culatra e os Piranhas Negras, Strobo e Metaleiras da Amazônia, artistas que fazem parte do Casarão Cultural Floresta Sonora, coletivo de músicos com sede em Belém. O projeto ainda prevê um making of da gravação de “Tribo de Maiandeua” e um documentário sobre Chico Braga, ambos em fase de produção.

“A gente sempre admirou o Chico Braga. Eu o considero um dos nossos, mas, infelizmente, ele nunca foi levado a sério como músico”, diz Léo Chermont, produtor musical do CD e integrante do Casarão Cultural Floresta Sonora. “Já houve outras propostas de gravá-lo, mas o Chico sempre foi sacaneado. Ou ficou só na promessa ou plagiaram as músicas dele, sem pagar os devidos direitos. Ele é muito desconfiado em relação a isso”, diz.

Projeto resgata história do carimbó

Para convencer Chico Braga do contrário, o produtor se valeu dos três anos de convívio que estabeleceu se apresentando como músico na Ilha de Algodoal, local em que o carimbozeiro vive há 40 anos como pescador. “Demorou até amolecer o velho”, diz Léo.

Natural de Magalhães Barata, Francisco Paulo Monteiro Braga é compositor, músico e fabricante de instrumentos. Contemporâneo de grandes nomes do gênero como Pinduca, Lucindo e Verequete, o talento do músico sempre foi eclipsado pela sua fama de artista maldito. “Ele tem uma aura marginal. Ele nunca fez música pra tocar em festival, vender CD. Ele escolheu uma vida simples, quis viver em paz na ilha. É o que ele diz: ‘Sou um pescador, eu falo com a Princesa, vivo na pobreza. Quando tem uma cachaça, eu tomo. Mas estou muito bem, obrigado’”, descreve Léo Chermont.

Outra faceta do mestre é a de místico. Chico Braga diz receber visões de uma lenda local, a Princesa, que acredita encantar a ilha. “Há cerca de oito anos, Chico teve uma visão em que a Princesa alertava a respeito de uma inundação na ilha. Ele fez um carimbó a respeito e logo depois as ondas levaram as barracas da orla”, afirma Chermont.

Convivência

A gravação de “Tribo de Maiandeua” durou cinco dias, realizada em um estúdio móvel montado em Algodoal. Composto por 11 faixas, o CD irá reunir músicas consagradas do mestre como “Lago da Princesa” e “Chico Braga Mora na Praia”, além de algumas composições dos Nativos do Canal, banda base do trabalho.

“A gente não queria centralizar tudo na figura do Chico Braga. Percebemos que é muito mais a comunidade se agregando e fazendo carimbó. Por exemplo, enquanto estávamos gravando o CD faltou o cara pra tocar maracá. Quem assumiu o lugar dele foi um caseiro que morava ao lado do estúdio”, diz Chermont.

Maiandeua é o nome oficial da ilha, que caiu em desuso com a popularidade da sua vila mais populosa, Algodoal.

“O povo de lá constitui uma tribo no sentido espiritual da palavra. A ilha é um lugar encantado e isso devia ser mantido. O Chico Braga é o protagonista da obra, mas abrimos espaço em algumas faixas para essa galera mais nova porque, afinal de contas, são eles que vão dar continuidade a essa tradição”, diz o fotógrafo Renato Reis, diretor do documentário sobre o mestre de carimbó.

Distante 147 km da capital paraense, Algodoal vem sofrendo um veloz processo de modernização. Segundo o diretor, é através do carimbó que os nativos mantêm sua ligação com as tradições locais.

“O documentário segue a mesma premissa do CD. Queremos mostrar mais a relação desses músicos com a ilha, qual o papel do carimbó no cotidiano deles. Além disso, nosso intuito é resgatar parte da história do carimbó, já que o Chico Braga é uma das mais importantes referências do estilo. Mas o filme diz muito a respeito do que Algodoal vem passando, da exploração que os turistas fazem sem deixar nada em troca”, revela Renato Reis.

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