Em Santarém-Novo, o Carimbó integra a bi-centenária Festividade de São Benedito, que acontece anualmente no período de 22 a 31 de Dezembro – 11 noites de Bailes de Carimbó, no Barracão de São Benedito, animados pelo Grupo “Quentes da Madrugada”, sem interferência de “aparelhagem” (dança-se somente com música ao vivo).
Numa perfeita harmonia entre o sagrado e o lúdico, a ancestralidade e a contemporaneidade, a festividade integra bailes, novenas, ladainhas, levantamento, derrubada e varrição do mastro, queima de fogos, trajes rituais, cargos diversos, dentre outros... um espaço-tempo de formação e integração social, ética e lúdico-estética.
As letras do carimbó de Santarém-Novo, preservadas pela tradição oral, de geração em geração, através dos Mestres da Irmandade – em especial o saudoso “Tio Celé”, são também encontradas em ritmos tradicionais de origem afro-brasileira - “Samba-de-Cacete”, em comunidades quilombolas do baixo Tocantins/PA; “Marabaixo”, em comunidades quilombolas do Amapá; e no Ritual afro-religioso “Baião de Princesas” da Casa Fanti Ashanti, em São Luís/MA – evidenciando fortes conexões afro-amazônicas deste que é o ícone da Cultura Popular Tradicional paraense.
Para participar do Baile de Carimbó, no barracão da festa de São Benedito, em Santarém-Novo, cavalheiros e damas, sejam da comunidade, sejam visitantes, precisam de trajes especiais: paletó e gravata – cavalheiros; blusa de manga e saia longa para as mulheres. Também só é permitida a dança de pares, que são trocados a casa pausa entre um ciclo e outro de canções. O conjunto de pares se movimenta formando a Grande Roda da Dança, que gira no sentido anti-horário, sendo que em noites de casa cheia a roda transforma-se em uma grande espiral humana de alegria, trans-piração e prazer. Uma bela imagem-metáfora para a Dança da Vida. À meia-noite, o/as dançarino/as mais especializados e ousados dançam o “Peru” e o “Yá” – duas das diversas formas de se dançar o Carimbó, em Santarém-Novo.
Estes e outros elementos, constituem uma forma característica de expressão do carimbó, em Santarém-Novo. Outras expressões são encontradas em municípios do salgado e zona bragantina – nordeste paraense; Ilha do Marajó; e área metropolitana de Belém. A Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro” – uma iniciativa que surge no contexto dos Festivais de Carimbó, promovido pela Irmandade de São Benedito de Santarém-Novo, a partir de 2005, e agrega várias organizações protagonistas e parceiras – vem promovendo a integração e visibilidade das diversas identidades do carimbó paraense.
Texto de Esperança Alves (arte-educadora, pesquisadora e co-criadora da ONG Mana-Maní).
sábado, 13 de setembro de 2008
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Boa!
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