Reunião dia 11 em Brasília deve declarar carimbó patrimônio cultural do Brasil
O
Pará está em contagem regressiva para vivenciar uma conquista histórica
para sua cultura. Faltam 4 dias para o registro do carimbó como
Patrimônio Cultural Brasileiro. O
título, mais do que merecido, é tido como certo, e resultado de um
movimento protagonizado pelos mestres, grupos e comunidades
carimbozeiras do Pará junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan). Para comemorar o reconhecimento, a Campanha do Carimbó, responsável pela mobilização, realiza no dia 11 de setembro,
uma alvorada com queima de fogos e muito carimbó, às 6h da manhã, no
Ver-o-Peso. O encontro será seguido de um grande Ato Público
Comemorativo, denominado “Carimbó do meu Brasil”, a partir das 9h, na
Praça do Povo, no Centur.
O
encontro no Centur acontecerá simultaneamente à 76ª Reunião
Deliberativa do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan em
Brasília, que terá como uma de suas pautas a votação do registro do
carimbó como patrimônio cultural brasileiro. A reunião finaliza o
processo de registro o bem cultural iniciado oficialmente em 2008,
resultado das discussões e mobilizações que grupos e mestres de carimbó
desde 2005, na cidade de Santarém Novo, onde nasceu a Campanha do Carimbó.
“O
carimbó entrou finalmente na pauta deles, eles já tiveram acesso à
documentação do processo, já têm o parecer favorável, só vão reunir em
plenário para formalizar a decisão. Nessa reunião, vão submeter à
votação do conselho a aprovação do registro. É um ritual formal e a
partir daí será feito o reconhecimento, destaca Isaac Loureiro,
coordenador da campanha e presidente da Irmandade Carimbó São Benedito,
de Santarém Novo, uma das associações que formalizaram o pedido ao órgão
federal. A intenção é que o momento da decisão seja transmitido ao
vivo, para que o público presente no ato em Belém possa comemorar o resultado.
Segundo a técnica em Antropologia do Iphan, Larissa Guimarães, a expectativa é grande. “Após seis anos de intensas pesquisas, esta última fase nos enche de ansiedade e de satisfação ao ver que todo o trabalho e esforço realizados por todos (mestres de carimbó, dançarinos, compositores, tocadores, pesquisadores, produtores culturais, admiradores, entusiastas, etc.), valeu a pena e alcançamos o tão almejado reconhecimento do carimbo como patrimônio cultural do Brasil”, pontua.
Entre
2008 e 2014, o Iphan cumpriu as etapas de levantamento, identificação e
documentação do carimbó no nordeste paraense, na região metropolitana
de Belém e no Marajó. “A participação da população dos municípios dessas
regiões foi fundamental para indicar e informar as referências
culturais significativas e representativas deste universo tão rico do
carimbó, acrescenta Larissa.
A
reta final da campanha contou com uma aliada importante: a internet. A
atuação nas redes sociais fomentou a ação, que passou a repercutir com
mais velocidade nos últimos dois anos. ”Fez muita diferença, facilitou
as pessoas entenderem o que a gente estava fazendo e querendo”, revela
Isaac.
Segundo Isaac, a Cerimônia de Titulação ainda não tem data para acontecer, mas ele acredita que será ano que vem.
Mas
as comemorações serão antecipadas. Essa festa dia 11 é para dar mais
visibilidade ao registro. É esse momento que vamos comemorar com todos
os grupos, comunidades e toda a população. O carimbó está no nosso
sangue, é a nossa identidade, nossa raiz. É muito difícil não mexer com a
gente, todo paraense sabe dançar o carimbó. Esperamos que o povo
comemore, diz Isaac.
Organizado
pela Campanha do Carimbó, com o apoio de várias instituições públicas e
privadas, o ato reunirá grupos de 23 municípios de 6 regiões do Pará,
evidenciando a força e a diversidade dessa expressão cultural autenticamente paraense. A expectativa dos organizadores é que o momento reúna cerca de 500 carimbozeiros.
O
carimbó tradicional ainda é conhecido de forma tímida no resto do
Brasil, mas está presente no repertório dos artistas da nova geração com
nova roupagem, como Luê e Lia Sophia. “Se essa raiz não estivesse muito
forte e viva, não alimentaria esse imaginário artístico. Com o registro, esperamos que os próprios mestres e grupos também possam se apresentar para o povo brasileiro”, diz Isaac.
Após o reconhecimento, ele espera mudanças práticas na rotina dos paraenses que mantêm vivo o carimbó. “Esperamos que ações governamentais e políticas públicas possam chegar até os mestres na forma de projetos e ações de preservação e divulgação. O reconhecimento vai mudar a autoestima dos grupos e mestres, mas esperamos que eles possam ter melhores condições para se apresentar e gravar discos, e que todos sejam mais valorizados”, pontua Isaac Loureiro.
SERVIÇO
Alvorada da Campanha Carimbó
Quando: 11 de setembro
Hora: 6h
Onde: Ver-o-Peso (próximo ao setor de artesanato)
Ato Público Comemorativo “Carimbó do meu Brasil”
Quando: 11 de setembro
Hora: 9h às 20h
Onde: Praça do Povo – Centur
Endereço: Avenida Gentil Bittencourt, 650
Mais informações: (91) 8191-690/9993-2613
Página no Facebook: www.facebook.com/campanhadocarimbo
(Por Tássia Almeida - da Redação)
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