terça-feira, 9 de novembro de 2010
Sopro do Carimbó: Mestres ensinam a confeccionar a flauta artesanal em Marudá
Músicos de 13 municípios paraenses participam do Laboratório de Produção da Flauta Artesanal de Carimbó, que será realizado a partir de hoje, em Marudá, no município de Marapanim. A programação integra o projeto Sopro de Carimbó, realizado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em parceria com o Instituto de Artes do Pará (IAP), com o apoio da Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, e segue até sexta-feira, dia 12.
Os mestres Lourival Monteiro, de Salinópolis, e Marinho Ferreira das Neves, de Marapanim, serão os instrutores do laboratório, que será um espaço coletivo para confecção da flauta artesanal, reunindo aprendizes, músicos e integrantes dos grupos de carimbó. Durante a programação, haverá um diálogo sobre a importância da flauta na cultura do carimbó paraense, assim como as possibilidades de confecção do instrumento utilizando vários tipos de material, como a embaúba, o bambu e canos de pvc. Haverá ainda atividades complementares, com palestras sobre memória, economia criativa e organização social. O laboratório terá participação do pesquisador Wilson Sena, que em 2006 foi bolsista do IAP com o projeto “A Flauta Cabocla: Uma trajetória criativa”.
Na abertura do Laboratório, ocorrida hoje à tarde em Marudá, já, estavam presentes aprendizes dos municípios de Salinópolis, São João de Pirabas, Santarém Novo, Maracanã, Marapanim, Curuçá e São João da Ponta, todos integrantes de grupos de carimbó em seus municípios. Na ocasião o coordenador da Campanha do Carimbó, Isaac Loureiro, falou sobre a importância da iniciativa para o fortalecimento dessa tradição específica do carimbó, que conseguiu provocar uma ação emergencial de salvaguarda, lembrando aos aprendizes da responsabilidade que terão em compartilhar e disseminar em seus grupos em comunidades os conhecimentos repassados pelos mestres.
O Laboratório corresponde à terceira etapa das ações de salvaguarda da flauta artesanal de carimbó, que vem sendo substituída por outros instrumentos disponíveis no mercado, como saxofone e clarinete. Essa substituição foi verificada por uma equipe de técnicos do Iphan durante um levantamento preliminar na Região do Salgado paraense, berço do ritmo no Estado, realizado dentro de um estudo mais amplo, resultado do processo de mobilização promovido pela Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro a partir do Festival de Carimbó de Santarém Novo em 2005.
Em quase 90 grupos de carimbó identificados, apenas quatro flautistas produziam e tocavam a flauta tradicional. Esse dado chamou a atenção dos pesquisadores para que fosse elaborado, com urgência, um projeto de salvaguarda do instrumento. Foi criado, então, o projeto Sopro de Carimbó, que inclui a documentação (audiovisual e escrita) do modo de fazer e tocar a flauta, encontro entre os mestres para troca de experiências e repasse desse saber por meio de oficinas de prática e de criação do instrumento. O projeto tem recursos do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), do Ministério da Cultura (MinC).
A etapa de documentação já foi concluída. Em outubro foi realizado no IAP o encontro “Fala Memória”, que reuniu em Belém mestres e aprendizes de São João de Pirabas, Salinópolis, Marapanim, Marudá, Curuçá, Maracanã, Colares e Vigia de Nazaré. O encontro resultou num memorial com depoimentos dos participantes.
Fonte: http://www.diarioonline.com.br/noticia-117883-mestres-ensinam-a-produzir-flauta-em-maruda.html
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